sábado, 26 de setembro de 2009

ARTISTA CIDADÃO


Capítulo V - pág., 49 – ARTE RETÓRICA E POÉTICA (ARISTÓTELES) - Coleção Universidade.
Qual deve ser o fim, quando se aconselha ou quando se desaconselha. Do bem supremo e de suas partes

Dom bem supremo.I

Com leves diferenças, cada homem em particular e todos os homens em comum se propõem um fim, para cuja consecução buscam certas coisas e evitam outras. Este fim, digamo- lo sumariamente, é a felicidade e os elementos que constituem.

2. A título de exemplo, indiquemos o que se entende por felicidade e quais as partes de que esta se compõe, uma vez que todas as discussões tendentes a aconselhar ou a desaconselhar giram em torno da felicidade, de suas partes componentes e daquilo que lhe é contrário. Daí, a necessidade de fazer tudo o que traz a felicidade ou alguma de suas partes, ou aquilo que a aumenta, ao passo que se deve evitar fazer o que a destrói ou corrompe ou que suscita um estado contrário.
3. Admitamos, pois, ser a felicidade um êxito que corre a par com a virtude, ou uma existência provida de recursos suficientes, ou ainda uma vida repleta de encantos, acompanhada de segurança, ou ainda uma abundância de bens e de riquezas, com a faculdade de conservar e de adquirir estas vantagens. Com poucas diferenças, a posse de um ou de vários destes bens, no dizer geral dos homens, acarreta a felicidade.
4. Sendo tal a natureza da felicidade, suas partes serão necessariamente: um nascimento honroso; grande quantidade de amigos; a amizade das pessoas de bem; as riquezas; filhos sadios; filhos numerosos; uma velhice ditosa; devendo-se acrescentar as qualidades físicas, como a saúde, a beleza; o vigor; elevada estatura, possibilidade de participar nos jogos gímnicos; ajuntemos: a boa reputação, as honras, a sorte, a virtude (ou ainda as partes desta: a prudência, a coragem, a justiça, a temperança). Gozaríamos de perfeita autarquia, se tivéssemos à disposição os bens que existem em nós ao mesmo tempo em que os bens que estão fora de nós, pois não há outros além destes. Os bens existentes em nós referem-se à alma ou residem no corpo; os que se encontram fora de nós são; nascimento honroso, amigos, riquezas e honras. Digamos ainda que, segundo nossa maneira de pensar, convém possuir capacidades e sorte, que assegurem no grau mais elevado a tranqüilidade de nossa vida.

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